quarta-feira, 19 de outubro de 2011

(narrador)

Quando o sinal caíu, David nem queria acreditar, sentiu-se amedrontado, ainda a pouco haviam voltado para Portugal e Tania já não estava com ele, o olhar dele mudou, sentu-se de novo sozinho, sentiu um terço daquilo que havia sentido antes de partir para Inglaterra e ficar com a sua amada. Não conseguia pensar em muita coisa, e ficou ainda mais apavorado quando viu o manz de mala na sua direcção,que olhou em volta, com uma expressão de dúvida, o seu sorriso meio trocista e confiante realçou-se e perguntou:

R -Então as meninas ? - perguntava curioso.

D - Poisé.... - olhou-o nos olhos e sentou-se numa cadeira que estava na sala aonde já ninguem se encontrava. - Ce não tem nada para me contar meu irmão ?

A cara de passividade do Rubén, intrigava David, a postura desolada de David confundia Ruben, este abanou a cabeça parecendo que estava a sacudir ideias, olhou em volta, pousou a sacola no chão e voltou a perguntar.

R - Mas tá tudo doido ? A Marta e a Tania?

D - Ce foram cara.. - falou num suspiro audível, em forma de desabafo. Levantou-se coçou a cabeça.  Meio que fechou os olhos, não tava acreditando que tava ali naquela situação..sem saber o que dizer.

R - Mas o que é que tu estas para aí a dizer, foram andando para o restaurante? Não íamos jantar todos juntos ?  - estava a ficar nervoso, ele começava a pressentir que algo se passava.

D - Nem eu sei mano, a Marta..ela - voltou a suspirar  - eu acho que ela ta com duvida - o sofrimento do David em ser o mensageiro de todo aquele acontecimento era notório.

R - Duvidas ? De que ? Do restaurante- franziu a sobrancelha.

D - Não cara...não há restaurante nenhum, a gente já não vai mais jantar...elas se foram !!! A marta ta com dúvida em relação a VOCE - realçou com as mãos apontadas a ele, para nos segundos seguintes se arrepender e coloca-las nos bolsos como forma de arrependimento - A marta tá com dúvida do casamento... - David despejou tudo o mais depressa possível, e quando acabou ficou a olhar o amigo, interrogando-o pensando que se ele tivesse no seu lugar, estaria arrancando os cabelos.

O Rúben apenas abriu a boca mas de lá nada saiu, ele ficou parecendo uma estátua de gelo, sem se mexer, sem gesticular um unico milimetro do seu corpo. A sua cara transmitia o que o seu coração pesava...e pareciam toneladas. O David olhava-o esperando alguma reacção sua.
Deu um passo em frente, e a sua expressão enternecida enfrentou o semblante carregado do seu amigo.

D - Manz... - meteu a sua mão no ombro.

R - Repete - disse fechando os olhos e cerrando os pulsos.

D - O que.. - fez-se despercebido para não passar de novo pela mesma situação.

R - A Marta deixou.. - engoliu em seco - A Marta deixou-me ? - encarou-o de olhos bem esbugalhados, rasos de lágrimas de trauma.

D - Eu ainda não percebi Ruben, não deu para perceber bem, porque isso é negócios das meninas, mas eu não acho que ela deixou você não..Ela ta insegura, diz que você já não ama do memo jeito, não toca ela como antes, essas  coisas... - ele desviava continuamente o olhar entre o seu amigo e o chão.

R - Ela o que? Mas ela ta maluca ?? Endoideceu ? - levou as mãos á cabeça e andava as voltas de um lado para o outro.

D - Não fala assim..

R - Nem venhas com esse teu coração de manteiga amolecer as coisas David. - a sua mão aberta estava agora a frente da cara do David, que a apanhou com força, e falou muito seguro de si.

D - Ce deixa de ser bobo cara !!! Ela ama voce, ce ela ta doida é por te amar de mais..ela fugiu porque não sente o mesmo amor de volta...e eu sei o que isso é..pelo menos já soube. Por isso se toca,e pensa se não andou mais desligado, mais distante. Principalmente agora que ces tao casando.. Ce tem ajudado ela com tudo ?

Os olhos do Ruben oscilavam lateralmente procurando uma resposta rápida que não veio.. Olhou o chão, largou a mão do David e deu dois passos para trás.

R - Será ? - voltou-se de novo, e por breves segundos o silencio foi unico naquele espaço. O David interrompe-o.

D - Será..será o que ? - perguntou-lhe

R - Que ela tem razão...Eu... Eu não... - gaguejava  em sinal de fraqueza, no seu intimo reviveu os ultimos tempos e as imagens dela surgiam na sua cabeça, desta vez revia todos os momentos como espectador...Não fizera de propósito, nunca se magoa a pessoa que ama intencionalmente, não quando esta não fez mais nada senão ama-lo e aceita-lo da forma que é. Ele gesticulava a boca mas nada saía de novo, sorte a dele de ter o seu amigo ali mesmo do seu lado.

D - Te calma Rúben ces se resolvem..Não acabará assim desse jeito. Agora temo de ir, tá ficando tarde.

R - Eu preciso de falar com ela David, eu preciso de a ver e de esclarecer isto tudo.. David eu não sou como tu, eu não sei..eu não saberia lidar com a perda dela. Ela é a minha mulher, a minha pessoa, David ela é a Marta tu sabes...Diz-me...diz-me por favor onde ela esta. - o seu olhar de menino implorava a David.

D - Ce acha que se eu soubesse a gente já nao tava indo ter come elas ?! Eu não sei, a Tania não falou para mim, já sabia que eu não ía conseguir esconder isso de você. Só sei que elas se foram, e eu tenho que estar esperando por um telefonema da minha namorada - disse meio que revoltado - por isso só resta esperar.

O Rúben levou as mãos a cabeça, o sinal de desespero dos dois era evidente a qualquer olho mais atento, mas eles estavam sózinhos, olhando-se..O Rúben aflito por estar a perder o seu amor, David revoltado por não ter a sua menina bem perto de si como ele sempre gosta.

Eram duas da manha em Portugal, oito no Brasil. aterradas a duas horas naquele país, Tania e Marta decidiram sair do seu hotel e caminhar pelos calçadões que se estendiam pelas margens daquelas belíssimas praias. Levavam uma garrafa de água na mão, uns calções e um top mais para o largo dando o ar de meninas, mulheres casuais, mas chiques. Tania olhava em volta atenta, no jeito das pessoas que a rodeavam, o jeito de falar do seu David, que ela tanto adorava, agora se proliferava em toda a sua volta. O ar quente que ainda se fazia sentir naquele país apesar de já ser Outono, levava o cheiro do mar, e uma brisa leve trazia a imagem de David todos os segundos á sua lembrança.

M -Desculpa - despertou a sua amiga das suas fantasias.

T - Desculpa de que parvinha ? - sorria cúmplice, dando-lhe um abraço.

M - Sei que querias tar aqui com ele, este é o seu sitio, deves tar farta de pensar nele, e eu tirei-to de ti.

T - Não digas isso, o David será meu ate ao resto dos meus dias. Mas agora, precisas de mim e eu estou aqui e é tudo o que interessa. - deu-lhe uma pequena festa na face, e retomaram a sua marcha lenta ao longo de todo o calçadão.

M - Como tens tanta certeza disso ? - interrogava Marta

T - Disso de que ?

M - Ate ao resto dos teus dias... Que durará ate ao resto dos teus dias?

T - Porque sei que só ele me faz feliz.. - disse sorrindo

M - Mas como sabes disso, nunca sabes se pode haver mais.

T - A cada minuto que estou com ele sinto que o meu coração vai explodir... Chego a temer pela minha vida - soltaram ss duas uma forte gargalhada - Eu sei Marta, eu sinto e é a unica coisa de que tenho a certeza. Eu amo-o e ele ama-me de uma maneira especial e absurda, acredita em mim.

M - É isso..e so isso que me falta. Essa certeza - desta vez o olhar de Marta centrava-se no chão.

T - A certeza que ele te ama ? Incondicionalmente .. - Tania volta a interromper a sua marcha.  - Ele ama Marta... - segurou-lhe na mão.

M - Então porque não o sinto ?

T - Porque queres desesperadamente senti-lo... Tu és uma pessoa apaixonada, tu vives intensamente a tua vida e a dos outros também, mas nem todos são como tu. O Ruben é mais ou menos - sorriu - só anda mais distraído e ocupado estes ultimos tempos.

M - Mas euq ueria aquilo que tu tens...Tu és a distracção do David, é para ti que ele vive. Tu é que ocupas o seu coração e os seus pensamentos.

T - Marta, eu e o David somos diferentes, não podes nunca comparar.

M - Pois, não se pode comparar os homens, e ainda dizem que todos são iguais... - a Tania olhou-a, agarrou-lhe o braço e muito ciente de si disse-lhe.

T - Eu e o David somos diferentes porque vamos viver sempre com o fantasma da perda entre nós..Porque perdemos um filho - os oculos de sol escondiam as lágrimas que se formavam no seu olhar - porque em tempos nos perdemos a nós. E por agora vivemos todos os minutos como se fosse os ultimos, pensas que eu não sei que ele ainda não confia totalmente em mim? Claro que sei, eu sinto no seu olhar, ele não gosta de fazer nada que me possa chatear apenas porque tem medo que eu vá embora.. Um dia ele pode-se cansar dessa insegurança e ser ele a deixar-me e a fugir de mim como eu fugi dele.

M - Ele nunca fará isso..

T - Não sei Marta, cada um tem os seus medos e as suas inseguranças..nunca será nada perfeito porque nós somos imperfeitos. Mas não podemos fugir da nossa felicidade como tu estas a fugir da tua.

M -  Se ele me amar virá trás de mim...- disse escondendo-lhe o olhar envergonhado.

Tania finalmente percebeu todo aquela situação, ela estava testando o Ruben, sorriu e abanou a cabeça.

T - Podiamos ter ido para Espanha que era logo ali ao lado - gosou com a situação.

M - Assim seria fácil de mais.

T - Já posso ligar ao David? Ele nunca virá atrás de ti se não souber onde tu estas ?

M - Sê discreta, porque ele é um orgulhoso e um teimoso...e desta vez eu quero ganhar..- o semblante preocupado da Marta, fez Tania temer a reacção do Ruben.

......

Quando David olhou para o visor do seu telemóvel, o seu coração deu uma passada mais forte.

D - Tnaia ?

T - Como estava anciosa por ouvir a tua voz - suspirou

D - Tava vendo que não, ce faz ideia como a gente se ta saindo aqui ?!

T - Hummmm não muito bem.. pela tua voz, que estas a arrastar ligeiramente...- Tania percebia que David estava tocado.

D - O que eu ía fazer mais, um homem tem o seu jeito de lidar com as situações, e neste momento o Ruben esta dançando com o pilar do bar no meio da pista.

T - Imagino..como esta ele ?

D - Para alem de bebado ?  - suspirou - destroçado, temendo perder a Marta.

T -Mas para onde é que vocês foram ? Não se espuseram assim feito malucos.

D - Ce ta achando que sim, já não ta ninguém aqui, os empregados já estão limpando o bar, só o Ruben esta feito idiota de uma lado para o outro, falando com o ar e lembrando todo o santo momento que não deu atenção na Marta, e depois se põe justificando, acho que no fundo ele esta esperando que ela ouça.

T - Já estou a ter uma ideia do que estas a passar meu amor...desculpa.

D - Ce não tem culpa né...

T - Tenho sim, eu prometi nunca deixar-te..

D - Ce não deixou...a vida não é como agente quer a toda hora. ce voce tiver comigo me amando do jeito que amo voce é tudo o que eu preciso.

T - Não tu mereçes muito mais.. Mas esta na hora de acabarmos com essa distancia que nos separa, tou a morrer de saudades tuas e do teu corpo bem perto do meu.

D - Eu tou dando em doido..ce não imagina. Qual é o plano para esses dois acabarem com essa loucura.

T - O plano - sorriu - estamos muito mafiosos David Luiz.

D - Brasileiro é fera amo...

T - Eu sei, eu sei ...

D - Ces foram no Porto ?

T - Um bocadinho mais longe....

D - Então não tou vendo, me diz..

T - David nós estamos no Rio..

D - Hein ?  no rio, que rio ? No Tejo ?

T - Não - gargalhou Tania perante a inocencia do seu amado - Nós estamos no Rio de Janeiro amor. Nós estamos no teu Brasil a vossa espera.

David pulou da cadeira, não acreditando...

D - VOCES ESTAO NO BRASIL ?!!!

R - Quem ? O que ? BRASIL ?

T - Calma...estamos bem, estamos a vossa espera.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Captulo 58 - David o eterno 23

(Tania )


D -E esse cheiro de tinta fresca ?

R - Este piso foi pintado esta semana - disse o ruben enquanto saíamos do carro, olhei para o David e olhar dele estava perdido em todo o espaço que nos rodeava.Olhava em volta nostálgico, sem lhe tocar percebia que o seu coração estava descompassado. Aproximei-me dele e ao de leve sem o querer assustar, entrelacei a minha mão na sua. Ele apertou-a, mas sem nunca me conseguir fitar nos olhos, depois de alguns minutos percebi que nem ele queria que eu notasse a sua vulnerabilidade, porque ele era o meu pilar, era a minha força, e ver essas duas versões dele, so me fazia ter certeza que ele era sim o homem com quem eu queria passar o resto dos meus dias.

R - Bem, agora a Marta fica com a Tania - já sabes o que fazer amor? - olhou-a muito descontraído. E então foi nesse momento que algo me abalou, me fez duvidar.A resposta da minha Marta.

M - Sim sei - rodopiou o olhar, nao o encarou, não o beijou de despedida, não lhe desejou boa sorte..nada ! acenou com a cabeça afirmativamente e simplesmente começou a sua marcha em direcção ao grande corredor de acesso ao interior do estádio. Eu e o David ficamos no mesmo sitio onde estávamos, ate decidir seguir o passo da Marta.

T - Vai meu amor, sei bem o quanto vais adorar reve-los a todos. - enquanto lhe passava a minha mão na sua face, ele sorria e ouvia-me atentamente.

R -Vá já chega pombinhos, daqui a pouco estão juntos de novo - disse o Ruben revirando os olhos - Eu depois indico-te onde elas estão e irás ter com elas.

E assim foi, entramos todos no corredor, para depois a minha mão se soltar do meu David, pois seguiriamos caminhos opostos, já nesse segundo eu sentia a saudade dele. Sorri com tal pensamento, e enquanto caminhava a passos largos tentando alcançar a Marta, olhei uma ultima vez para trás só por instinto, apenas serviu para me deixar ainda mais feliz, pois o meu olhar encontrou o dele procurando-me, fiz questão de rodopear sobre os meus pés lançando-lhe um beijo, e acenando-lhe com um adeus. Ele sorriu, e só com isso ele me deixava estonteante... Céus como o adorava.  De volta a realidade, chamei..

T - Marta - mas ela não abrandava o passo, não olhava para trás - MARTA ! Espera - mas não obtinha resposta, e ela sem nada me dizer só parou a sua marcha acelerada quando entrou numa porta do seu lado esquerdo, corri um pouco desajeitada devido aos saltos que trazia e deparei-me com uma imagem angustiante. Os seus braços prendiam-se com força ao lavatorio, curvada o seus cabelos descaiam sobre si, tapando aquilo que mais tarde as minhas mãos fizeram questão de mostrar. Ao afastar o seu cabelo, ela me olhou, com os olhos rasos de lágrimas, uma expressão triste e desiludida a embriagava. As minhas mãos seguraram a sua cara pesada, eu olhei-a com duvida, expectante.

T –  O que se passa Marta ? Podes-me contar tudo, sabes que sim – a minha expressão já era de desespero, não saber o que estava a causar tanta mágoa a minha amiga estava a deixar-me frustrada.

M – Não vês..- inquiriu ela sem nunca me olhar directamente, virou-me as costas, e agarrou num lenço de papel para se limpar – esta claro como água.

T – Mas o que Marta, do que estas a falar?  - agarrei-lhe suavemente nos ombros, de modo a que ela fixa-se o seu olhar em mim.

M – Do Ruben.. – as lágrimas voltaram, ela bem que tentava cerrar os dentes e manter aquela armadura de pessoa forte como sempre fora, mas o Ruben era o seu ponto fraco, desarmava-a completamente, e eu sabia-o, ela sabi-a e toda a gente sabia.. – Ele já não me ama… - a sua voz mostrava a sua alma, rouca, sem forças..sem poder.

T – Que disparate é esse Marta Costa? – o meu olhar duvidoso, perguntava-lhe que raio estaria ela a dizer.

M – Não tens estado cá, tens estado a viver o teu conto de fadas – estas ultimas palavras saíram mais
asperas do que as anteriores, notei no seu olhar a revolta..o ciume..deixei cair as minhas mãos sobre o meu tronco,para depois cruza-las sobre o meu peito, preparando-me para ouvir as suas explicações – É claro que estou feliz por ti, muito feliz por ti – olhou-me directamente – mas o vosso regresso só veio trazer todas as certezas as minhas duvidas. O Ruben já não me ama Tania.

T – Marta, não estou a perceber nada..vocês vão casar em três semanas! – elevei a minha voz assim como as minhas mão de modo a achar algum sentido naquilo que aquela miuda estava ali a minha frente a dizer.

M – Eu já não sei nada… - desatou a chorar desalmadament, eu abracei-a e embalei-a nos meus braços. – 
A forma como o David te olha, a maneira como te toca, como se fosse a primeira vez, ele é louco por ti..O 
Ruben já não olha para mim desse jeito, não me toca com a mesma intensidade, não me deseja como antes.

T –Mas o que mudou para pensares dessa forma? Eu não acredito nisso Marta..eu não posso acreditar.

M – É como te digo, é dessa forma, antes a nossa relação era fogosa, apaixonante,sempre que ele tinha jogo fora corria para os meus braços no seu regresso. Ele desajava-me mesmo ate quando dormia, uma mulher sente Tania, tu sabes bem disso…

T – Sim, mas já falas-te com ele ? Já tentas-te perceber o motivo..Marta tu não precises que eu te relembre que vocês vão casar..- na verdade eu não sabia o que dizer, tudo aquilo me tinha apanhado desprevenida.

M – Já tentei, mas ele nunca tem tempo..nunca esta lá para mim, ou por que tem treino, ou entrevista ou jogos ou são os almoços e jantares em casa dos pais. Tudo e mais alguma coisa, tudo menos eu…eu fiquei para trás.

T – Então ele não sabe como te estas a sentir, todas as tuas duvidas em relação ao vosso casamento?
M – Não porque ele, só olha para ele próprio nestes ultimos meses…Mas tentei mostrar-lhe, tenho sido mais fria para ele..mas nada ele nada..

T – Marta isso não são maneira de resolveres as coisas…Isso só serve para vos afastar amiga, é isso que queres ? Tenho a certeza que não..

M – Resultou contigo – o seu olhar fulminou-me, ao qual eu tive que fugir..

T – É diferente..Não comestas os mesmo erros que eu… - virei-lhe as costas tentando não mostrar o meu profundo arrependimento.

M – O que é que o David não fez por ti ? Diz-me…Ele foi incansável…o Ruben não seria igual. 

A conversa começava a preocupar-me, a insistencia dela ao comparar o meu relacionamento com o dela.. Isso era impossivel, não tem nada a ver, ela sempre teve uma relação saudavel com o Ruben, eu e o David só conseguimos alcançar paz nestes ultimos 6 meses, e na minha maneira de ver mais do que merecidos! Mas eu compreendi-a, uma mulher quando não se sente desejada pelo o homem que acompanha endoidece, mas eu sabia que ela era forte, o problema da Marta era ser forte de mais, era ser demasiado parecido comigo. Ela tinha que falar com o Ruben.

T – Voces têm que falar Marta, voces tem um casamento marcado, mas acima de tudo voces amam-se…eu sei que amam..eu acredito em voces da mesma forma que voces acreditaram em mim e no David, e olha aonde isso nos levou..Porque nunca desistimos, porque quando se sabe e se sente que encontramos a pessoa certa não há volta a dar.. Podes não o escolher a ele como tantas vezes eu pensei em não escolher o David, mas isso e não escolher a felecidade para o resto da tua vida. E tu não queres isso pois não…Eu sei que não.

M – Eu sei que não mereco, eu sei que não devo ser eu a dar o primeiro passo, eu fiz tudo por ele, a minha vida girou em torno dele, e eu esqueci-me da mulher que sou para ser a mulher do Ruben, e ele é incapaz de ver isso. No fim de tudo ainda sou eu que lhe tenho que mostrar o meu valor? – getsticulava com os braços – Não Tania, ele deveria ver isso sózinho. Senão o “ate que a morte nos separe” não faz qualquer sentido. E agora vamso dar o fim a esta conversa..temos um jogo para assistir.

Eu admirava-a impávida e serena, como é que ela podia estar a reagir assim mediante toda esta situação, realmente a Marta era muito forte, e se no principio a duvida dominava de inicio toda a minha imaginação foi então que caí em mim e me coloquei no lugar dela..Sabia que era a primeira a quem ela tinha contado esta situação, notei o alivio na sua expressão de finalmente deitar tudo cá para fora, e culpei-me por mais uma vez não estar presente quando ela mais precisava, tem passado por tudo isto sózinha, pobre Marta, a porta fechou-se levando a Marta e fazendo-me cair na realidade. Apressei-me a mais uma vez a acompanhar, o barulho estridente das bancadas já se fazia ouvir, ela limpou as lágrimas e pos-se bonita e poderosa..como sempre! Aos nossos lados ficaram algumas caras conhecidas, o banco destinado a David ainda se encontrava vazio, olhei-o já sentindo a maior ansiedade no seu retorno, mas por outro lado a expressão da Marta me fazia despertar de qualquer fantasia. Foi então que ouvi o seu sotaque, o meu brasileiro acabava de chegar ao sitio, e comprimentava as pessoas com que se ía encontrando, vinha feliz e empolgado, os seus olhos pareciam berlindes que no meio de tanto aperto de mão procuravam os meus, e quando nos encontramos ele sorriu e tratou de despachar todos os comrpimentos, sentou-se ao meu lado, beijou-me a face e colocou a sua mão na minha perna.

D – Nossa amõ..que saudade da galera, continua todo o mundo igual – eu coloquei a minha mão por cima da dele, e o calor da minha perna intensificou-se. – sempre de sacanagem, mas tudo boa gente..ahhh tava morrendo de saudade mesmo – suspirou e encostou-se para trás no banco. Foi entao que o vi cair em si. Olhou todo o estádio e viu todo o vermelho que se alastrava nos mais de 60 mil lugares que estavam completamente preenchidos para o ltimo jogo da temporada. Voltou a suspirar de novo. – É tao bom tar de volta a casa… - senti o meu coração apertar, “casa” a maneira como ele apadrinhara Portugal, Lisboa e o SLB como sua casa. Beijei-lhe o ombro e encostei a minha cabeça nele de seguida, passou-me a mão pelos cabelos e senti um pequeno beijo.

Os aplausos, o barulho ensurcedor dos aplausos arrancaram o mais belo dos sorrisos ao meu David. Lá estavam eles,entravam em campo e gardeciam ao público, eu o David e todas as pessoas que nos rodeavam levantaram-se e aplaudiram com entusiasmo todo o plantel do benfica como se de herois se tratassem. Nesse momento nas grandes telas que se faziam pendurar nos vértices laterais do estádio mostraram o David, que naturalmente e ao seu jeito ficou completamente envergohado e embevecido, as suas fces mostraram um rosa mais intensificado e este escondia o sorriso nervoso para não se denunciar, a sua presença foi enormente aplaudida e ele muito gentilmente agradeceu e lançou um enorme beijo a “todo o mundo” na lingua do David. 

Os jogadores esses viraram-se na sua direcção e aplaudiram também o que o deixou ainda mais feliz. Ele mais uma vez acenou, agradeceu para de seguida se sentar. Eu sabia como ele se devia estar a sentir, qualquer um percebia no seu olhar..Ele tinha a alma nos seus olhos ninguem o poderia negar.

T – Estas bem ? – perguntei-lhe sorrindo e apanhando a sua mão de novo.

D – Tou optimo meu bem – olhou-me muito atento, pegou na minha face com as duas mãos puxou-a para si e beijou-me com muita intensidade, deixando-me sem folego, deixando-me fora de si, eu coloquei a mão no seu peito e deixei-me levar…Nada conseguiria para-lo, nas minhas mãos eu senti o seu coração batendo forte e descompassadamente, a adrenalina que lhe corria nas veias de todo aquele momento era contagiante. 

Quando as nossas bocs se separaram ele sorria, ele simplesmente sorria, e o momento foi interrompido pelo apito do arbitro, o jogo começara, e eu deviei o meu olhar cumplice e matreiro para o jogo…sentindo ainda nos primeiros segundos o seu olhar pregado a mim.

O jogo decorria normalmente, olhava a Marta e ela não reagia a nenhum momento, só notei uma ligeira difernça quando aos 33 minutos Ruben Amorim entra em campo. Ela mostrou-se mais atenta, mas nunca entusiasmda como já a tinha visto anteriormente. O David esse vivia cada momento como se estivesse dentrode campo, como se ainda fizesse parte da equipa.  Passado dez minutos da sua entrada e com um passe fenomenal o Ruben não perde a oportunidade e estreia o marcador. O David saltou do banco, festejou e eu só consegui ser travada pela falta de entusiasmo da Marta, claro que ele correu na nossa direcção, claro que apontou para nós…

M – Para mim não é de certeza…

T – Marta….

M – Não..já chega desta inércia, já chega de palhaçadas… - levantou-se decidida.

T – Marta o que vais fazer ? – senti a mão quente do David na minha perna.

D – Marta ce tá bem ? Ta precisando de alguma coisa ?

M – Estou…estou a precisar de desaparecer. .. – sem dizer mais nada seguiu caminho.

D – Ué – o david não cabia em si de tanto espanto, e inda confuso, meio que a rir, meio sério questionou-me – que é que deu nela ?

T – Eu tenho que ir, eu tenho que ir com ela, segue viagem com o Ruben, não sei o que vai acontecer – quando me preparava para me levantar ele puxou-me com força.

D – Eu não tou entendendo Tania, para onde voce esta indo ? Não vão com a gente ?

T – Não amor, não vamos e eu depois explico, por favor não te chateies comigo,tenho mesmo que ir senão percoa de vista.

Levantei-me e segui atrás dela incapaz de olhar para trás, isso iria fazer com que eu recuasse, a visão do 
David naquele estado. Corri ao seu encontro, para avistar os seus cabelos a esboaçarem ao fundo do corredor de saída.

T – Marta, espera Marta ! – o meu grito travou a sua marcha.
 
 M – Tania, volta para o teu David, deixa-me seguir.

T – Não sem antes me dizeres aonde vais e fazer o que…

M – Vou desaparecer, como disse, tirar um tempo para mim e pensar..

T – Não vás sem falar com ele primeiro Marta..Não vás assim desta maneira.

M – Não consigo ouvir a voz dele..não consigo esconder mais isto…

T – Então eu vou contigo.

M – Não, eu não vou permitir..

T – Comigo não tens que permitir nada. – dei-lhe a mão e fiz sinal a um táxi – Sei exactamente para onde ir.

M – E o David ? – a sua pergunta fez o meu coração derreter de mágoa.

T – Não te preocupes..Tudo acabará bem.

Quando chegamos a sua casa ela apressou-se a fazer as malas, no caminho expliquei-lhe toda a ideia. E com um telefonema de ultima hora consegui marcar duas viagens de ultima hora para o Brazil. O meu coração estava literalmente nas minhas mãos,mas eu tinha tudo controlado, na minha cabeça, já tudo fazia sentido só esperava que a vida não me trocasse as voltas. Com malas feitas, afastei-me dela com o pretexto de que iria ligar aos meu pais. O meu regresso ao Porto teria que ser adiado pelo menos mais uns dias. Engolia em seco, temia a recação do David. Quando o visor do meu telemovel se iluminou mostrava o numero do David “ 3 chamadas não atendidas” apressei-me em ligar-lhe de volta.

D – Ce quer me matar de susto Tania ? – foi desta forma que ele me atendeu o telemovel, engoli em seco – Onde ces estao ?

T – David tem calma, precisamos de conversa, calmamente, achas que pode ser ?

D – Claro que pode – acalmou-se – mas não sem antes voce me dizer onde esta e ceesta bem?

T – Eu estou optima, sabes que sim, a Marta é que não..Estamos em casa dela e do Ruben.

D – Ah bom, assim tá bom…ce me assutou, mas o que eu nela, para ela sair assim correndo, tou aqui esperando o Ruben, e não tou entendendo não.  Ela não esperou por ele..não me pareceram brigados.

T – Amor… - deu-se um silencio – amas-me ?

D – Tania.. – suspirou – ce sabe que sim, mais do que tudo na minha vida….. Me explica o que ta acontecendo que ce ta me assustando,e eu assim fico nervoso sem saber o que fazer..

T – Confias em mim ?

D – Claro que sim…mas me fala logo, fala para mim..

T – Nós estamos em casa da Marta sim, mas estamos de saída..

D – Como assim? De saída ? Não vão esperar a gente não ?

T – Não David , a Marta esta muito mal, tem a cabeça fora do sitio, acusa o Ruben de não a amar mais..

D – ce ta de brincadeira amor ? – notei o seu nervosismo

T – achas que estou a brincar, achas que brincava com uma coisa destas ? Ela quer sair daqui, não quer ver mais o Ruben e diz que precisa de um tempo. David a coisa esta grave ao ponto de não haver casamento…

D - Mas porque ? qual o porque de tudo isso ?
T - Ela diz que ele esta mudado, desmotivado, que não a deseja..que já não lhe toca da mesma forma como antes..não sei David mas tou mesmo preocupada.

D - Será que ela ta pirando ? de todo o stress do casamento ? Porque Tania, a gente não ta mais aqui mas eu sei que o manz ama a Marta senão nao casaria com ela....

T - Eu sei David mas ela precisa deste tempo e eu nao a posso abandonar agora..nunca me perdoaria...Mas não posso dizer mais...ela deve estar para descer, só quero que saibas que te amo muito e que me perdoes por aquilo que vou fazer..

D - De que ce ta falando amõ ?

T - Eu prometi que nao te abandonaria mais, mas vou ter que me ausentar durante uns dias..eu nao a posso deixar sozinha..

D - Ces tao indo para onde ? - a sua voz arrastava-se, triste, desiludido..

T - Queres mesmo saber ? Porque depois terias que mentir ao Ruben, e tu és incapaz de mentir, quanto mais ao Ruben...

D - Não quero que ce vá amõ... não quero ficar longe de voce..sem saber onde voce esta.

T - Eu tambem não queria, e vai-me custar imenso, nem imaginas mas tu farias o mesmo por ele certo ? E eu vou estar sempre pertinho de ti, mais perto do que possas imaginar, acredita em mim..

D - Quanto tempo Tania ?

T - Pouquinho meu bem, nem vais notar a diferença...

D - Claro que vou amo, já hoje sem voce na nossa cama...

T - Oh nao digas isso, fica tao mais dificil assim...agora tenho de desligar amor, a Marta esta a descer, amanha ligo-te sem falta para te explicar tudinho sim ? Vai correr tudo bem...

D - Me liga amanha Tania...mesmo, sem desculpa ! Vou ficar esperando..

T - Sim, amor... Cuida de ti e do Ruben. Logo estaremos todos juntos, espero eu.

D - Já tou sentindo sua falta..que droga.

T - Eu amo-te David, para sempre e só isso que precisas de saber...Desculpa ter-te estragado este dia tao especial para ti...

D - que nada meu anjo..eu percebo, eu espero sempre por voce, é só voce que eu quero. Eu txi amo, tanto..

T - Ate amanha, e espera pela recompensa..Adeus

D - Txau amõ.

Desliguei a chamada e encostei o telemovel ao peito, não sei qual seria a reacção do meu David quando soubesse o que estava prestes a fazer. Assim que rodopiei o meu corpo a Marta olhava-me a entrada da porta.

M - Tens a certeza...?

T - Claro minha querida, estarei sempre do teu lado.... - Batemos a porta de malas na mão, ela pensando que iria sentir paz, eu temendo que a minha acabasse.